sexta-feira, 10 de maio de 2013

Confessionário: o que eu não contei

Primeiro de tudo: meu blog não é um blog materno nem é um blog novo. Ele já existe há muito tempo, quando eu sequer pensava em ser mãe. Ele se chamava Criando Teorias, mas como eu não criava teoria alguma, se tornou uma espécie de diário. Diário, porém, é onde se escreve tudo o que se pensa e, no meu caso, isso seria impublicável. Ai eu pensei no nome O Publicável Mundo de Angélica; o nome colou e ficou. Daí que quando eu engravidei acrescentei o Mais Uma, ficou legal e eu deixei, e assim vai ficar.

Diário, publicável ou não, é um confessionário. Nele, escrevemos o que nos alegra, entristece, enaltece ou incomoda. Como nesse momento eu ando muito maternal (por que será?) é normal que o assunto aqui seja esse, pois mundo de mãe de primeira viagem é assim (materno). 

Então, confessando... Ultimamente, inúmeras campanhas defendendo o parto natural surgiram e me colocaram pra pensar. Por isso, resolvi compartilhar como foi o meu parto e a minha opinião sobre o assunto.

Como já disse antes, Luiza não foi planejada (desejada, sempre). Quando descobri a gravidez, não havia antes pensado sobre como meu filho viria ao mundo (conversei uma vez ou outra sobre mas nunca realmente pensei no assunto) e fui fazer o pré-natal sem considerar o parto em si (pois ainda faltava muito tempo). A primeira obstetra que me atendeu só fazia cesárea e eu queria ter a opção (parto normal ou cesárea) e procurei outros. Cheguei à um que me disse que faria parto normal se tudo estivesse bem (e aí eu já deveria ter desconfiado), mas que mais pra frente conversávamos melhor sobre o assunto.Gostei dele, de verdade, me pareceu confiável e iniciamos o pré-natal. 

Apesar de considerar o PN como opção, ainda tinha a idéia de que a cesárea seria melhor para o bebê, que o faria sofrer menos, que o PN arrasa com a mulher, que deixa sequelas, que o bebê pode quebrar a clavívula quando está nascendo... Não conhecia um universo chamado parto humanizado (todo parto humanizado não necessariamente é um PN e definitivamente nem todo PN é humanizado) onde o bem estar do bebê e da mãe são levados em consideração e somente em casos onde realmente é necessária a intervenção, é feita a cesárea.

Minha gravidez não poderia ter sido melhor: calma, feliz e sem intercorrências. Todo mês tinha consulta e como estava casando/mudando de casa/mudando de vida, foi tudo muito corrido e o assunto parto ficou ali guardadinho (com o osbtetra dizendo que marcaríamos uma data, mas que se tivesse tudo bem faríamos PN). 

Casei, mudei de casa e já com 6 meses de gestação era hora de pensar no assunto. Conversei com o obstetra e disse à ele que gostaria de tentar parto normal (foi a primeira vez que eu falei isso explicitamente). De novo, ele disse que marcaríamos a data mas que se tudo estivesse bem ele faria PN. Os sete meses vieram e foram, os oito chegaram e já no final de setembro (com 36 semanas) eu me preocupei com a data do parto. Ele disse que ainda não estava na hora e eu acatei (afinal tudo estava realmente bem com a Luiza e comigo). As 38 semanas chegaram e finalmente a hora de marcar a data do parto também.

Luiza completaria 40 semanas no dia 12 de outubro (feriado). O obstetra então me diz que iria viajar no dia 8/10 e só voltaria no dia 15/10 e que achava melhor fazer antes disso. Oi??? O que aconteceu com tentar a PN?? Eu estava com 38 semanas, feliz e sorridente e pensei imediatamente que havia sido levada na conversa por um médico que NUNCA considerou PN. Só que com 38 semanas, o que poderia ser feito?

Aceitei (cheia de receio), e a cesárea foi marcada para o dia 6/10. No dia seguinte o meu tampão mucoso saiu e ao ligar para o médico ele me recomendou repouso para que a Luiza não nascesse antes do tempo (e, de novo eu acatei). Não conversei sobre o assunto, não li a respeito, não me envolvi e assumo a culpa por isso. Falo em culpa, pelo que aconteceu na sala do parto e que volta e meia me incomoda profundamente.

Luiza chegou ao mundo as 15:25h do dia 6/10, exatamente 25 minutos depois de eu deitar numa sala fria pra tomar anestesia. Não teve emoção da bolsa estourando, não teve dor de parto, nada. Ela foi arrancada da minha barriga e foi direto para as mãos do pediatra que após 5 minutos, colocou no meu colo por 2 minutos e a levou embora para só quase 3 horas depois voltar para os meus braços.

ODIEI!!! Achei frio, me arrependo de não ter lido, conversado, opinado e colocado pé firme para ao menos uma real tentativa de PN. 

Considerações pessoais

De cunho materno: 

Quando nasce o bebê, a mãe quer ter o bebê no colo e ficar com ele. Não tem essa de levar para a incubadora. Minha filha nasceu de 39 semanas e 3 dias, pesando 3,190kg, medindo 49 cm, apgar 9 ao nascimento e 10 após 5 minutos; pra que ficar 2 horas na incubadora?? Disseram que é o procedimento padrão... Então por quê bebês que nascem de PN não ficam em incubadora???

De cunho espiritual/psicológico: 

Sempre achei que era necessário conversar com o bebê ainda na barriga. Isso não li em livro algum, apesar de milhares existirem nesse sentido. Sempre conversei com a Luiza pra dizer a ela que a amava e que era mais que bem vinda na minha vida (tem gente que acha loucura, mas azar de quem pensa assim). 

Próximo ao parto (lá pela semana 37/38) estava lendo o livro "Nossos Filhos São Espíritos" (recomendo até pra quem não tenha filhos e nem pensam em ter) justamente na parte sobre o nascimento. Lá explica que o feto diz o momento que está pronto para nascer e a cesárea é uma limitação no direito do feto de indicar a hora que deseja vir ao mundo. Assim, a cesárea é uma violência com o feto que não está pronto pra nascer. Pensando nisso e na culpa já crescente que eu sentia, começei a dizer a Luiza que ela nasceria no dia tal, na hora tal que se preparasse pra isso pois eu estaria ali a esperando com os braços abertos (por 2 minutos).

O nascimento da minha filha, a coisa mais esperada por mim, foi longe de ser o que eu tinha imaginado. Foi frio, foi impessoal e dói pensar que ela mal ficou comigo quando nasceu (mesmo que depois não tenha saido mais de perto). No meu ver esse primeiro momento - e o colinho da mãe - é de extrema importância para o bebê que sai de um lugar quentinho e escuro e chega ao mundo frio e cheio de luzes e que me foi negado. Tecnicamente, porém, não tenho do que reclamar pois foi rápido, indolor e deixou uma cicatriz bem pequena.
 
Por esses motivos, sou à favor do parto normal onde a criança dita a hora em que está pronta para vir ao mundo e vai direto pros braços da mãe que a espera com muito amor (e leitinho) pra dar.

Quem sabe no próximo?

Apesar de tudo, o amor é enorme e não muda se cesárea ou parto normal

4 comentários:

Flávia disse...

Acho que se eu me informasse um pouco mais fizesse eu pensar melhor sobre o assunto, mas lembrando na minha cesariana, quando fui para o quarto eu fiquei grogue não lembro de muita coisa, então acabei dormindo. Mas concordo que o momento que eles nascem realmente a gente espera que seja muito mais especial que do foi. Agora não sei se sentindo uma dor do cacete também eu iria querer ficar achando tudo lindo, hahaha #soufrouxamesmo. bjss.

Ju disse...

Amiga, vc sabe minha opinião, né? vc mais do que ngm... Na minha cabeça vc sempre quis cesárea, desde que te conheço vc nunca falou claramente para mim que queria um PN, tanto que durante sua gestação tomei cuidado apra falar sobre o assunto para não te incomodar, chatear. Pq uma coisa eu sei... como é chato uma pessoa tentando te convencer que o que ela acredita é certo.
Uma coisa eu posso te garantir para diminuir "sua culpa" do processo... Não há repouso que segure um baby dentro da barriga. Por mais que o médico tenha pedido repouso, não foi isso que segurou a Luíza por mais uma semana dentro de você! Se fosse assim, quando começou a sair meu tampão mucoso eu fui dormir, quer repouso maior do que esse? hahaha e assim que eu acordei a bolsa estourou. Outro ponto, querendo ou não vc iniciou o TP, não o TP ativo, mas o início.
Eu virei total ativista, se vc quiser conversar, quiser indicação de médico para o próximo, conte comigo.
beijos em vc e na minha afilhada linda

Geli, Angie, Angel, Angélica disse...

Ah amiga, por isso o título é "o que eu não contei"! Tinha aquela idéia de que cesárea era a única opção... Entende? Não conversei sobre o assunto... Não pesquisei... Dai a culpa... Vamos, sim, conversar para o próximo!

Ju disse...

=D