quinta-feira, 7 de maio de 2015

Apenas mais um Dia das Mães

Outro Dia das Mães que chega. Não que eu sinta que esse será especial, pois pra mim todo dia é dia das mães. É clichê, claro, mas se eu não posso deixar de ser mãe por um horinha sequer como não ser todo dia o meu? Mãe é trabalho pra 24 horas por dia, 7 vezes na semana, não tem férias, não tem licença, não tem feriado ou dia santo. Assim, eu poderia passar horas aqui dizendo o quanto é difícil (e é pra caramba), mas hoje só hoje vou falar sobre fatos de mãe.

1) Eu me emociono com qualquer propaganda de mãe.
2) Me emociono com qualquer nascimento de um bebê.
3) Sorrio pra qualquer bebê na rua (e nunca nunca toco nesse bebê porque sei o quanto irrita: não se deve tocar um bebê desconhecido).
4) Vejo fotos de grávida e me arrependo de não ter feito um só ensaio de grávida e olhem que eu tive 2 gestações!
5) Acho que não tirei fotos suficientes. Por exemplo, não tenho uma foto minha grávida da Laura com a Luiza.
6) Perdi muito tempo tentando ser uma mãe perfeita pra Luiza.
7) Sou uma mãe muito melhor pra Laura e longe de ser perfeita.
8) Amo minhas filhas de uma forma que não dá pra explicar: por elas eu morreria 20 vezes e renasceria 50. Mato um leão, levanto um avião e faço o impossível desde que seja o que elas precisem.
9) Me arrependo de desejar que cresçam porque isso acontece e é tão rápido que deveria ser proibido.
10) Sempre as observo dormindo.
11) Digo todos os dias que eu as amo muito e que são muito importantes pra mim.
12) Agradeço todo santo dia pelas vidas que me foram confiadas.
13) Penso na minha mãe todos os dias e tenho por ela uma gratidão eterna e hoje entendo toda e qualquer atitude dela como mãe.
14) Agradeço às minhas filhas por elas serem minhas filhas, por terem me escolhido.
15) Filhos não trazem felicidade mas as minhas me fazem mais feliz.
16) Não desejo nada pra elas além de toda felicidade que alguém possa ter.
17) Tento criá-las pro mundo.
18) Virei uma pessoa melhor pra ser um bom exemplo pra elas.
19) Amo amamentar. Dói o fato que não amamentei a Luiza pelo tempo que amamentei e amamento a Laura.
20) Gostaria de ter mais tempo pra ser mãe.
21) Gostaria de ter tido mais tempo sendo só mãe da Luiza antes de me tornar mãe da Laura.
22)  Temo pelo mundo em que vivemos e temo mais ainda do que ele será daqui 20 anos.
23) Tenho um pavor enorme de não lembrar das minhas filhas em detalhes quando crescerem.
24) Queria que alguém inventasse um perfume com o cheirinho delas, pra eu nunca esquecer.
25) Mesmo estando exausta, lá no íntimo do meu coração, acho que faria isso mais vezes.

Feliz Dia das Mães.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Precisamos falar sobre nossas crianças

 "Eduquem-se os meninos e não será necessário castigar os homens" - Pitágoras. 

Precisamos falar sobre Kevin é um filme de 2011 que revela um embate bastante em voga: infância vs futuro. Kevin nasceu de uma mãe problemática que não desejava ter filhos mas mesmo assim teve por pressão do marido e da sociedade. A relação mãe e filho nunca se consolidou e o resultado é uma festival de maldades praticadas por Kevin sem que sua mãe conseguisse chegar até o seu coração. Por fim, Kevin comete uma chacina na escola onde estuda, uma tragédia comum nas escolas americanas.

Precisamos falar sobre nossas crianças. Essas crianças de hoje são o futuro e se não fizermos algo seremos sujeitos a degradação da infância que ocorre nos dias de hoje. Essa semana morreu um jovem de 23 anos após ingerir 30 doses de vodca. O que leva um jovem a ingerir 30 doses de vodca???? Junto a ele outros tantos que não morreram mas precisaram ser atendidos em Unidades de Saúde. 

No perfil do Facebook do jovem, sua citação favorita: "melhor morrer de vodca do que de  tedio". Nossos jovens estão entediados?

 Muito se fala em redução da maioridade penal para 16 anos. Minha humilde opinião é à favor da redução (lembre que opinião é igual bunda, cada um tem a sua). Atualmente a maioridade penal chega aos 18 anos, acho que reduzir para 16 somente dificultará a vida de quem usa essas crianças menores para praticar crimes sem punição. 

Isso, porém, não é o foco da questão. Ontem, ao caminho de casa, uma mulher de rua batia no seu filho que deveria ter a idade da minha filha mais nova: 1 ano. Tive vontade de enforcar a vaca, mas isso só me causaria problemas. Doeu meu coração ver aquele pingo de gente claramente magoado com a mãe que gritava e batia nele por motivo que nem ela sabia. Essa criança crescerá e o que será dela?

Crianças são seres dotados de amor e compreensão que nós adultos muitas vezes não enxergamos perdidos em nossos próprios problemas. O que torna uma criança pura e livre de maldade é sua inocência. Precisamos cuidar das crianças pra que não seja necessário colocá-las atrás de grades. Não é ódio ou preconceito o que me leva a crer (não é uma verdade absoluta) que depois que se perde a inocência, não há mais o que fazer.

Tenho duas filhas e uma responsabilidade absurda de torna-las pessoas de bem ou ao menos pessoas conscientes do bem ou do mal que praticam. Como fazer isso sem correr o risco de que elas se percam? No meu caso, tenho uma estrutura familiar e econômica para procurar fazer isso positivamente. O que dizer, porém, dessas crianças que nascem jogadas à sorte? Mais e mais crianças nascendo sem estrutura, sem condição, sem amor, sem o básico de saúde e educação. O que será delas?

Mais importante do que a redução da maioridade penal é falar sobre as nossas crianças. O que será feito pelas crianças?

Recentemente foi promulgada a lei chamada "Lei da palmada" que em linhas gerais proíbe a mãe de bater nos seus filhos sob o argumento de que violência gera violência. Mais estapafúrdio é o Governo achar que assim erradica a violência infantil. Crianças continuam sendo espancadas, muitas mortas, vítimas de pais e mães despreparados e incapazes. 

Precisamos falar sobre nossas crianças. Elas serão o futuro onde as minhas filhas e os filhos de vocês viverão. 

Clamam por revolução política. Eu clamo por uma REVOLUÇÃO INFANTIL. Vamos prestar atenção nas crianças!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Renascimento

Quem me conhece sabe que desde fevereiro de 2012 eu respiro maternidade. Me tornar mãe foi todo um processo que iniciou-se no dia que eu descobri a gravidez da Luiza em 10/02/2012 e pelo visto é ato contínuo.

Durante a gravidez da Luiza quase nada mudou, claro eu engordei, minha barriga cresceu e fiquei com peitos de Cicciolina (até ai tudo bem). A mudança mesmo ocorreu no dia que Luiza nasceu, em 06/10/2012. Naquele momento uma pessoa nova nasceu: a Angélica Mãe. Essa "nova" mulher tão diferente da Angélica de um dia antes foi um problema; nem eu me reconhecia naquela pessoa. Me tornei chata e só tinha um assunto: Luiza. Resumindo, isso se estendeu até o descobrimento da segunda gravidez naquele 24/06/2013, quando Luiza contava 8 meses e meio. Nesse dia nasceu outra mulher: uma mãe que tinha um filho e estava grávida do segundo que vomitava de hora em hora e estava de saco cheio de tudo. Ainda deveria lidar com o surgimento de mais outra mulher: a mãe de duas crianças/esposa e dona de casa. Ao final da segunda gravidez eu me questionava: porquê, ó Deus, porquê? Eu estava exausta e me sentia absolutamente sozinha.

Diferente da primeira gravidez, a segunda não foi tão festejada: claro, apenas 8 meses depois eu estava grávida novamente e deixou de ser novidade. Nesse momento eu fui estigmatizada no papel de mãe: estava condenada a isso. 4 meses depois voltei a trabalhar e conciliar dois filhos, marido e casa se tornou uma tarefa estressante: percebi que não dava conta de tudo, mesmo que à época meu marido pagasse uma fortuna para uma babá noturna. Me sentia culpada em não ser a mãe/esposa/dona de casa perfeita.

Entre ser mãe, esposa e dona de casa eu era péssima em todas as tarefas. No trabalho mediana. Comecei a colocar nos filhos e casamento o fato de não estar no emprego dos sonhos. Esqueci completamente que eu já estava nesse emprego muito antes dos filhos e do marido. Era mais fácil: não estou no emprego dos sonhos porque os filhos não deixam. E a frustração só aumentava. Ganho pouco pra tudo que quero comprar pras meninas e também pra mim. Afinal, após duas gravidezes minhas roupas de antes não cabem mais e ainda que coubesse simplesmente não combinam mais com a minha pessoa. Pra terem uma ideia a Angélica pré maternal usava 36, a atual usa 40. Fazer uma revolução guardaroupal custa caro e durante muito tempo eu só sabia comprar coisas pras meninas. Chegava numa loja e corria para a Sessão Infantil.

A verdade é que demorei pra fazer as pazes comigo. Mudei e isso tem um lado positivo e também um negativo. A maternidade me deixou num limbo existencial: quem é essa nova Angélica? Com o passar dos meses comecei a comprar uma peça ou outra de roupa até que quando vi estava com várias roupas novas: roupas que cabem e combinam com essa nova pessoa. Passei a prestar mais atenção em mim até que aceitei que essa barrigudinha mais cheinha sou eu. Há crises: outro dia estava decidida a comprar um vestido diferente e fui até a Farm (loja carioca de roupas transadas para jovens). O tamanho G de lá não coube e eu me senti extremamente frustrada. Afinal, antes eu usava P e cabia perfeitamente em QUALQUER roupa. Me senti inadequada e deprimida.

Com o tempo as coisas se encaixam. O tempo é sempre um remédio primordial. Aliás, soubessem as pessoas respeitar o tempo certamente haveria menos gente trabalhada nos Prozacs da vida. Aceitei que sou a mesma Angélica só que diferente: agora mãe, esposa, trabalhadora e dona de casa E, mais importante não precisa ser super em tudo.  Na expectativa de ser boa em tudo me tornei uma porcaria em tudo.

Hoje faço o que posso, sem criar expectativas, sem me culpar por não ser 100%. Aliás quando me dei conta que com duas filhas era no máximo 50% pra cada, tudo se tornou mais fácil. Entendi finalmente que quantidade não significa nada, importante é qualidade: se você só pode ser 50% seja 100% dentro disso.

Vislumbro hoje novas perspectivas: tanto na vida pessoal como profissionalmente. Porém tudo isso só é possível quando você se coloca em primeiro lugar. Você não precisa ser super em nada, só para você. Para ser bom em tudo você tem que estar inteira, senão tem somente pedaços pra oferecer.

Desejo a todos um 2015 inteiro!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Dois anos

Valsa para uma menininha
Toquinho

Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.
Senhorinha levada, batendo palminha,
Fugindo assustada do bicho-papão.
Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.
Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque a vida somente é seu bicho-papão.
Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim
Quando você souber, enfim,
De tudo que eu guardei.


É minha gente, hoje ela faz dois anos. Eu queria mesmo que o tempo parasse agora e eu pudesse pra sempre ter seu olhar meigo a sorrir pra mim, de mim, por mim. Eu queria que o tempo parasse agora pra que eu possa sempre a manter debaixo das minhas asas e assim evitar que se machuque, que a machuquem. Não farei isso, mas só porquê não posso.

Mas posso:

1) Me comprometer a prestar mais atenção nela nem que pra isso eu tenha que deixar de prestar atenção em todo resto: eles crescem e muito em breve terei mais tempo pra cuidar do resto.

2) Ignorar TODA e QUALQUER teoria, seja de apego ou de desapego, e não me preocupar mais com isso: darei  carinho e seguirei mais meu coração.

3) Deixar de lado o cansaço, o desânimo e todo e qualquer sentimento negativo: ela é linda, meiga e adorável. É também saudável e perfeita: nutrir sentimentos negativos, pra que?

4) Largar o Facebook e o Zap Zap: sim, as mídias sociais são legais mas ela dorme e há tempo pra isso.

5) Rir mais de tudo. Dizer menos não. Me doar mais. Ser mais criança. 

6) E finalmente pedir desculpas: por todas as vezes que eu gritei, falei mais do que devia, deixei de dar colo, disse não imponderavelmente. 

Porquê, filha, eu te chamei aqui e a minha missão é te amar: muito, hoje e sempre.

FELIZ ANIVERSÁRIO!

PS: Eu te amo!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sem saber o que dizer

Há dias que sento em frente ao computador com uma vontade enorme de escrever. Porém compromissos no trabalho e uma certa falta de inspiração tem me impedido de fazê-lo com propriedade. Hoje, apesar de não estar inspirada, estou com o tempo mais livre e precisando do desabafo.

Eu me sinto frustrada. A maternidade me frustrou. Eu imaginava uma coisa e vivo outra. Eu imaginava que seria uma mãe do tipo que eu gostaria de ter tido e sou uma mãe bem parecida com a mãe que eu tive. Entendam, não que a minha mãe não seja maravilhosa, já, inclusive, a elogiei aqui diversas vezes sobretudo porque hoje consigo entender (cada vez mais) o que havia por trás daquele comportamento nervoso, por vezes histérico.

Frustração. Não ser o que você gostaria de ser é extremamente frustrante. Eu nunca quis ser muitas coisas, mas EU SEMPRE QUIS SER MÃE. Agora que sou, finalmente, mãe e de 2, não deveria estar me sentido realizada? Não, realização não é um dos sentimentos que ocupam meus pensamentos. Eu realmente me sinto frustrada. 

Aquela mãe dos meus sonhos, uma espécie de Mamãe Pig (#entendedoresentenderão), está cada vez mais distante da realidade, e pior, dá lugar àquela histérica que eu muitas vezes critiquei severamente. Ontem tive um ataque de perereca que me deixou mal o dia todo e me fez pensar em muitas coisas. Fui duramente criticada pelo meu ataque de histerismo; não apenas pela Nhanha e meu marido, mas principalmente pelo meu consciente. Que tipo de mãe estou me tornando?

Eu amo minhas filhas, sobre isso não há questionamentos. Mas a vontade de me ver livre tem se mostrado evidente a cada dia que passa. Eu queria muito poder sair do trabalho, ir tomar um chopp, passear, chegar do trabalho, largar os sapatos, tomar um banho daqueles e deitar na minha cama para não acordar nas 8 horas que se sucedessem. Eu tenho tido esse pensamento com cada vez mais frequência. Isso me torna uma mãe ruim? Eu não deixaria minhas filhas pra ir tomar chopp. Ai vem a dúvida: eu não deixo porque não tenho com quem deixar ou não deixo porque a mãe que eu acho que tenho que ser não deixaria? 

Quem é essa mãe que eu gostaria de ser? Uma mãe permissiva? Uma mãe mais carinhosa? Eu me considero muito carinhosa mas ultimamente até o carinho parece ser uma coisa mecânica. Tipo um mantra: tenho que dar carinho, tenho que dar carinho... O que é ser permissiva? Como não ser permissiva sem ser chata? O meu vocabulário nunca teve tanto não. Não faça isso, não faça aquilo, Luiza não, Luiza já disse que não! Ser permissiva estraga as crianças? Quantos nãos por dia podem ser ditos? Há limites? 

Ontem li um texto sobre criar as crianças com respeito. Você gostaria de ser tratado aos gritos? Como você quer ser lembrado pelos seus filhos? Eu lembro de sempre dizer que minha mãe era nervosa porquê ela comia muita pimenta... Eu lembro dela nervosa desde pequena... É assim que quero que as minhas filhas lembrem de mim? Como ser essa mãe que eu sempre sonhei ser? Eu vejo crianças que crescem "na conversa" serem extremamente mimadas e isso me assusta. Não quero filhos mimados. Por outro lado, como posso exigir delas que sejam calmas e complascentes se o exemplo delas é uma mãe que diz não e briga quase o tempo todo?

Há um tempo atrás eu achava que minha filha mais velha precisava de terapia. Talvez seja eu quem precise. Talvez todas nós precisemos. Tem gente que diz que eu preciso relaxar. Como assim relaxar? Elas estão crescendo, elas não vão esperar eu relaxar pra educá-las. Como educar sem ser chata? Alguém me responde, me ensina?

Frustração é o que eu sinto.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sobre ser mãe de 2

Vez ou outra me perguntam como é ser mãe de 2. Se eu estiver num dia bom respondo: 
-"Nossa, é muito trabalhoso!"

Agora, se for um dia ruim, aproveito pra desabafar:
-"É, foda! Se eu tivesse pensado não teria, você acha que não tem tempo com um filho?? Experimenta ter dois, blá blá blá..."

A verdade é que eu amo ser mãe. Não me julguem quando digo que gostaria de mudar de nome (para Cilene), virar manicure e ir trabalhar na Tibéria, SEM filhos. Claro que eu não vou fazer isso, mas CLARO que eu sinto vontade uma vez ou outra.

Eu odeio essas pessoas "vida de margarina". Amo minha vida, amo meu marido, amo meu filho, oh mundo perfeito, oh vida perfeita, blá blá blá perfeito... nheco nheco xelelê... Não, eu não sinto inveja, só acho gente assim chata! Vida perfeita é chata! 

Eu tinha uma vida perfeita. Morava com meus pais, contas pagas, saia, me divertia, viajava, ia a praia quando queria, fazia o que tinha vontade e tudo isso era o que? CHATO. Tão chato que eu fiz o que? Casei, dois filhos e tô aqui escrivinhando.

Ontem fui comprar algo em uma loja e a caixa me perguntou se eu queria parcelar. Pensei: claro, filha, a única coisa que eu não parcelei na minha vida foi a maternidade que eu fiz tudo de uma vez e pronto. Não falei, claro, só pensei (ela não tem nada a ver com a minha vida, não é mesmo?).

Hoje vim trabalhar, pra variar, sai atrasada (minha mãe diz que sou enrolada, mas como ela é minha mãe e eu aprendi que mãe é algo muito valioso e mal remunerado, vou apenas dizer que não é pór isso), peguei o ônibus e sentei (todas comemora com um UHU). Havia trânsito (pra variar) e eu adormeci... Fui acordada no Castelo. Não, não era o da Disney. Era o Castelo que fica no Centro da Cidade e não, não foi pelo Príncipe, foi pelo motorista do ônibus. Tive vontade de chorar, mas não chorei. Andei cerca de 1km e cheguei ao trabalho. Ainda disse: bom dia!

Aliás, minha mãe é muito valiosa mesmo! Quando ela está aqui ela pega Luiza nos finais de semana e eu posso descansar! E também me arrepender de todas as vezes que eu reclamei de ter 1 filho só! Ter um filho só é vida!  

Quase todo dia saio de casa sem escovar os dentes. Não, eu não sou porca, eu esqueço mesmo. Outro dia, sai com as sapatilhas trocadas: uma bege e uma dourada. Tomo cuidado pra não sair sem as calças. Pentear o cabelo? Agradeço aos meus genes de cabelo liso. Obrigada, seria muito mais difícil se não fosse assim.

Ah, mas deve ter algo de bom? Lógico que tem! Até nas tragédias há algo bom, porque na maternidade dupla não teria? São dois sorrisos pra te receber, duas pessoas que te amam com o olhar, duas pessoas que acham você o ser mais incrível do universo. Sim, isso é maravilhoso!

Mas, cansa e cansa muito. Eu me revezo entre uma e outra de noite e durmo quando sobra tempo, na maioria das vezes na cadeira de amamentação. Acordo, quase sempre, com um belo torcicolo. Ando exausta, mas acho que ninguém se importa. O marido ajuda, mas na maioria das vezes é comigo mesmo até porquê ele chega tarde do trabalho, quando elas já estão dormindo. Não posso reclamar, fim de semana, ele ajuda bastante, mas isso é o certo, afinal é pai. Como nossas mães faziam na época que pai era só provedor? Nossa, devia ser difícil!

Ser mãe de 2 é isso: um bando de linhas desconexas sobre tudo e sobre nada.

Mas, é também amor, muito amor!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O que ninguém te conta


Essa semana conversava com um amiga que acabou de ser mãe. Ela me dizia que seu peito doia muito a ponto de chorar quando dava de mamar para sua bebê. Eu tentei tranquiliza-la dizendo que já já passa, dei algumas dicas (casca da banana e secador de cabelo - dica valiosíssima da comadre Júlia) e falei pra ela me procurar caso precisasse de alguma ajuda ou só desabafar. Lembrei de como eu sofri pra amamentar a Luiza nos primeiros dias (e como foi bem mais fácil com a Laura) e do pouco suporte que recebi nesses primeiros momentos. Ela agradeceu e disse: - "Nossa, ninguém te conta isso!". Eu ri e respondi: - "Não, você vai ver que não te contaram muitas coisas!"

Pois é, ninguém te conta porra nenhuma. E se te contam, você não absorve. Eu lembro, vagamente, de que quando estava grávida da Luiza uma pessoa me disse que eu ficaria uns 5 anos sem saber o que era dormir. Eu pensei, coitada, que azedume, que exagero. Pois é, após 1 ano e 10 meses de profissão mãe posso dizer que ela talvez não esteja errada. Não é exagero: dormir sono de pedra daqueles que pode acabar o mundo lá fora? Nunca mais. Dormir uma noite toda sem interrupção? Sabe lá Deus quando!

Entre outras coisas. Ninguém conta como a maternidade muda você. Sei que cada mulher é de um jeito, mas a maternidade muda todas e isso eu posso garantir. Ser mãe te transforma em outra pessoa, te transforma em mãe, na verdade, e todas aquelas outras Angélicas: a amiga, a divertida, a sarada, a louca, a ri a toa, a despreocupada, a sexy, a sensual, a qualquer coisa que não mãe, simplesmente desapareceram de uma noite pra outra. Assim, sem aviso prévio, sem nada. E eu fico magoada, sabe? Ninguém me avisou que isso aconteceria. Ninguém me preparou pra isso. Catar essas outras mulheres que ficaram por ai é um processo difícil e de certa forma doloroso. Há um livro da Laura Gutman, A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra, que fala desses assuntos mas nem a literatura mais específica acerca da maternidade é capaz de suprir as lacunas entre o ser mãe e o ser mulher.

Ninguém te conta o quanto você se preocuparia. E aqui o verbo preocupar é ativo o tempo todo. Será que ela dorme o suficiente, será que come, que bebe, que respira o quanto deveria? E se ela estiver indo pra escola e um carro ultrapassar o sinal vermelho? E se eu estiver com ela indo ao médico e o táxi em que estivermos se envolver num acidente? E se ela contrair uma doença? É preocupação 24 x 7, o tempo todo, em todo instante. Isso é taaaaaaaaaaaaão estressante. Você não relaxa, parece sempre uma bomba relógio prestes a explodir. Luiza tem um resfriado por ano: que dura de maio à outubro e durante esses meses eu vivo um preocupação sem fim... e noites intermináveis... Quando Laura tinha 1 mês de vida, teve bronquiolite e talvez precisasse ser internada. Passei pelo momento mais angustiante da minha existência... Porque ninguém me contou que seria assim?

Ninguém te conta o quanto seria frustrante quando seu filho se recusasse a comer. Ninguém te conta que entre a mãe que você sonhou ser e a mãe que você será existe uma lacuna complicada de preencher. Ninguém te conta que você será julgada o tempo todo, inclusive por outras mães que deveriam te entender.

Há tanto pra contar, há tanto pra saber. Porque ninguém te conta? Minha mãe diz que é porque quando passa, a gente esquece... Será? Eu queria que minhas filhas, que se elas quiserem e Deus permitir, quando forem mães, que elas soubessem disso.  Talvez, hoje com tanta informação disponível isso seja mais fácil. E, de novo, nenhuma literatura por melhor que seja, me prepararia para a maternidade que eu exerço todos os dias. 

Eu queria que elas soubessem que ser mãe é (e é mesmo) maravilhoso, mas que soubessem também que é difícil e doloroso (fisicamente e sobretudo emocionalmente).

De certa forma eu sei que nunca farei isso. Ninguém te conta aquilo que você não pode, ainda, sentir.