sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Renascimento

Quem me conhece sabe que desde fevereiro de 2012 eu respiro maternidade. Me tornar mãe foi todo um processo que iniciou-se no dia que eu descobri a gravidez da Luiza em 10/02/2012 e pelo visto é ato contínuo.

Durante a gravidez da Luiza quase nada mudou, claro eu engordei, minha barriga cresceu e fiquei com peitos de Cicciolina (até ai tudo bem). A mudança mesmo ocorreu no dia que Luiza nasceu, em 06/10/2012. Naquele momento uma pessoa nova nasceu: a Angélica Mãe. Essa "nova" mulher tão diferente da Angélica de um dia antes foi um problema; nem eu me reconhecia naquela pessoa. Me tornei chata e só tinha um assunto: Luiza. Resumindo, isso se estendeu até o descobrimento da segunda gravidez naquele 24/06/2013, quando Luiza contava 8 meses e meio. Nesse dia nasceu outra mulher: uma mãe que tinha um filho e estava grávida do segundo que vomitava de hora em hora e estava de saco cheio de tudo. Ainda deveria lidar com o surgimento de mais outra mulher: a mãe de duas crianças/esposa e dona de casa. Ao final da segunda gravidez eu me questionava: porquê, ó Deus, porquê? Eu estava exausta e me sentia absolutamente sozinha.

Diferente da primeira gravidez, a segunda não foi tão festejada: claro, apenas 8 meses depois eu estava grávida novamente e deixou de ser novidade. Nesse momento eu fui estigmatizada no papel de mãe: estava condenada a isso. 4 meses depois voltei a trabalhar e conciliar dois filhos, marido e casa se tornou uma tarefa estressante: percebi que não dava conta de tudo, mesmo que à época meu marido pagasse uma fortuna para uma babá noturna. Me sentia culpada em não ser a mãe/esposa/dona de casa perfeita.

Entre ser mãe, esposa e dona de casa eu era péssima em todas as tarefas. No trabalho mediana. Comecei a colocar nos filhos e casamento o fato de não estar no emprego dos sonhos. Esqueci completamente que eu já estava nesse emprego muito antes dos filhos e do marido. Era mais fácil: não estou no emprego dos sonhos porque os filhos não deixam. E a frustração só aumentava. Ganho pouco pra tudo que quero comprar pras meninas e também pra mim. Afinal, após duas gravidezes minhas roupas de antes não cabem mais e ainda que coubesse simplesmente não combinam mais com a minha pessoa. Pra terem uma ideia a Angélica pré maternal usava 36, a atual usa 40. Fazer uma revolução guardaroupal custa caro e durante muito tempo eu só sabia comprar coisas pras meninas. Chegava numa loja e corria para a Sessão Infantil.

A verdade é que demorei pra fazer as pazes comigo. Mudei e isso tem um lado positivo e também um negativo. A maternidade me deixou num limbo existencial: quem é essa nova Angélica? Com o passar dos meses comecei a comprar uma peça ou outra de roupa até que quando vi estava com várias roupas novas: roupas que cabem e combinam com essa nova pessoa. Passei a prestar mais atenção em mim até que aceitei que essa barrigudinha mais cheinha sou eu. Há crises: outro dia estava decidida a comprar um vestido diferente e fui até a Farm (loja carioca de roupas transadas para jovens). O tamanho G de lá não coube e eu me senti extremamente frustrada. Afinal, antes eu usava P e cabia perfeitamente em QUALQUER roupa. Me senti inadequada e deprimida.

Com o tempo as coisas se encaixam. O tempo é sempre um remédio primordial. Aliás, soubessem as pessoas respeitar o tempo certamente haveria menos gente trabalhada nos Prozacs da vida. Aceitei que sou a mesma Angélica só que diferente: agora mãe, esposa, trabalhadora e dona de casa E, mais importante não precisa ser super em tudo.  Na expectativa de ser boa em tudo me tornei uma porcaria em tudo.

Hoje faço o que posso, sem criar expectativas, sem me culpar por não ser 100%. Aliás quando me dei conta que com duas filhas era no máximo 50% pra cada, tudo se tornou mais fácil. Entendi finalmente que quantidade não significa nada, importante é qualidade: se você só pode ser 50% seja 100% dentro disso.

Vislumbro hoje novas perspectivas: tanto na vida pessoal como profissionalmente. Porém tudo isso só é possível quando você se coloca em primeiro lugar. Você não precisa ser super em nada, só para você. Para ser bom em tudo você tem que estar inteira, senão tem somente pedaços pra oferecer.

Desejo a todos um 2015 inteiro!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Dois anos

Valsa para uma menininha
Toquinho

Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.
Senhorinha levada, batendo palminha,
Fugindo assustada do bicho-papão.
Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.
Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque a vida somente é seu bicho-papão.
Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim
Quando você souber, enfim,
De tudo que eu guardei.


É minha gente, hoje ela faz dois anos. Eu queria mesmo que o tempo parasse agora e eu pudesse pra sempre ter seu olhar meigo a sorrir pra mim, de mim, por mim. Eu queria que o tempo parasse agora pra que eu possa sempre a manter debaixo das minhas asas e assim evitar que se machuque, que a machuquem. Não farei isso, mas só porquê não posso.

Mas posso:

1) Me comprometer a prestar mais atenção nela nem que pra isso eu tenha que deixar de prestar atenção em todo resto: eles crescem e muito em breve terei mais tempo pra cuidar do resto.

2) Ignorar TODA e QUALQUER teoria, seja de apego ou de desapego, e não me preocupar mais com isso: darei  carinho e seguirei mais meu coração.

3) Deixar de lado o cansaço, o desânimo e todo e qualquer sentimento negativo: ela é linda, meiga e adorável. É também saudável e perfeita: nutrir sentimentos negativos, pra que?

4) Largar o Facebook e o Zap Zap: sim, as mídias sociais são legais mas ela dorme e há tempo pra isso.

5) Rir mais de tudo. Dizer menos não. Me doar mais. Ser mais criança. 

6) E finalmente pedir desculpas: por todas as vezes que eu gritei, falei mais do que devia, deixei de dar colo, disse não imponderavelmente. 

Porquê, filha, eu te chamei aqui e a minha missão é te amar: muito, hoje e sempre.

FELIZ ANIVERSÁRIO!

PS: Eu te amo!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sem saber o que dizer

Há dias que sento em frente ao computador com uma vontade enorme de escrever. Porém compromissos no trabalho e uma certa falta de inspiração tem me impedido de fazê-lo com propriedade. Hoje, apesar de não estar inspirada, estou com o tempo mais livre e precisando do desabafo.

Eu me sinto frustrada. A maternidade me frustrou. Eu imaginava uma coisa e vivo outra. Eu imaginava que seria uma mãe do tipo que eu gostaria de ter tido e sou uma mãe bem parecida com a mãe que eu tive. Entendam, não que a minha mãe não seja maravilhosa, já, inclusive, a elogiei aqui diversas vezes sobretudo porque hoje consigo entender (cada vez mais) o que havia por trás daquele comportamento nervoso, por vezes histérico.

Frustração. Não ser o que você gostaria de ser é extremamente frustrante. Eu nunca quis ser muitas coisas, mas EU SEMPRE QUIS SER MÃE. Agora que sou, finalmente, mãe e de 2, não deveria estar me sentido realizada? Não, realização não é um dos sentimentos que ocupam meus pensamentos. Eu realmente me sinto frustrada. 

Aquela mãe dos meus sonhos, uma espécie de Mamãe Pig (#entendedoresentenderão), está cada vez mais distante da realidade, e pior, dá lugar àquela histérica que eu muitas vezes critiquei severamente. Ontem tive um ataque de perereca que me deixou mal o dia todo e me fez pensar em muitas coisas. Fui duramente criticada pelo meu ataque de histerismo; não apenas pela Nhanha e meu marido, mas principalmente pelo meu consciente. Que tipo de mãe estou me tornando?

Eu amo minhas filhas, sobre isso não há questionamentos. Mas a vontade de me ver livre tem se mostrado evidente a cada dia que passa. Eu queria muito poder sair do trabalho, ir tomar um chopp, passear, chegar do trabalho, largar os sapatos, tomar um banho daqueles e deitar na minha cama para não acordar nas 8 horas que se sucedessem. Eu tenho tido esse pensamento com cada vez mais frequência. Isso me torna uma mãe ruim? Eu não deixaria minhas filhas pra ir tomar chopp. Ai vem a dúvida: eu não deixo porque não tenho com quem deixar ou não deixo porque a mãe que eu acho que tenho que ser não deixaria? 

Quem é essa mãe que eu gostaria de ser? Uma mãe permissiva? Uma mãe mais carinhosa? Eu me considero muito carinhosa mas ultimamente até o carinho parece ser uma coisa mecânica. Tipo um mantra: tenho que dar carinho, tenho que dar carinho... O que é ser permissiva? Como não ser permissiva sem ser chata? O meu vocabulário nunca teve tanto não. Não faça isso, não faça aquilo, Luiza não, Luiza já disse que não! Ser permissiva estraga as crianças? Quantos nãos por dia podem ser ditos? Há limites? 

Ontem li um texto sobre criar as crianças com respeito. Você gostaria de ser tratado aos gritos? Como você quer ser lembrado pelos seus filhos? Eu lembro de sempre dizer que minha mãe era nervosa porquê ela comia muita pimenta... Eu lembro dela nervosa desde pequena... É assim que quero que as minhas filhas lembrem de mim? Como ser essa mãe que eu sempre sonhei ser? Eu vejo crianças que crescem "na conversa" serem extremamente mimadas e isso me assusta. Não quero filhos mimados. Por outro lado, como posso exigir delas que sejam calmas e complascentes se o exemplo delas é uma mãe que diz não e briga quase o tempo todo?

Há um tempo atrás eu achava que minha filha mais velha precisava de terapia. Talvez seja eu quem precise. Talvez todas nós precisemos. Tem gente que diz que eu preciso relaxar. Como assim relaxar? Elas estão crescendo, elas não vão esperar eu relaxar pra educá-las. Como educar sem ser chata? Alguém me responde, me ensina?

Frustração é o que eu sinto.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sobre ser mãe de 2

Vez ou outra me perguntam como é ser mãe de 2. Se eu estiver num dia bom respondo: 
-"Nossa, é muito trabalhoso!"

Agora, se for um dia ruim, aproveito pra desabafar:
-"É, foda! Se eu tivesse pensado não teria, você acha que não tem tempo com um filho?? Experimenta ter dois, blá blá blá..."

A verdade é que eu amo ser mãe. Não me julguem quando digo que gostaria de mudar de nome (para Cilene), virar manicure e ir trabalhar na Tibéria, SEM filhos. Claro que eu não vou fazer isso, mas CLARO que eu sinto vontade uma vez ou outra.

Eu odeio essas pessoas "vida de margarina". Amo minha vida, amo meu marido, amo meu filho, oh mundo perfeito, oh vida perfeita, blá blá blá perfeito... nheco nheco xelelê... Não, eu não sinto inveja, só acho gente assim chata! Vida perfeita é chata! 

Eu tinha uma vida perfeita. Morava com meus pais, contas pagas, saia, me divertia, viajava, ia a praia quando queria, fazia o que tinha vontade e tudo isso era o que? CHATO. Tão chato que eu fiz o que? Casei, dois filhos e tô aqui escrivinhando.

Ontem fui comprar algo em uma loja e a caixa me perguntou se eu queria parcelar. Pensei: claro, filha, a única coisa que eu não parcelei na minha vida foi a maternidade que eu fiz tudo de uma vez e pronto. Não falei, claro, só pensei (ela não tem nada a ver com a minha vida, não é mesmo?).

Hoje vim trabalhar, pra variar, sai atrasada (minha mãe diz que sou enrolada, mas como ela é minha mãe e eu aprendi que mãe é algo muito valioso e mal remunerado, vou apenas dizer que não é pór isso), peguei o ônibus e sentei (todas comemora com um UHU). Havia trânsito (pra variar) e eu adormeci... Fui acordada no Castelo. Não, não era o da Disney. Era o Castelo que fica no Centro da Cidade e não, não foi pelo Príncipe, foi pelo motorista do ônibus. Tive vontade de chorar, mas não chorei. Andei cerca de 1km e cheguei ao trabalho. Ainda disse: bom dia!

Aliás, minha mãe é muito valiosa mesmo! Quando ela está aqui ela pega Luiza nos finais de semana e eu posso descansar! E também me arrepender de todas as vezes que eu reclamei de ter 1 filho só! Ter um filho só é vida!  

Quase todo dia saio de casa sem escovar os dentes. Não, eu não sou porca, eu esqueço mesmo. Outro dia, sai com as sapatilhas trocadas: uma bege e uma dourada. Tomo cuidado pra não sair sem as calças. Pentear o cabelo? Agradeço aos meus genes de cabelo liso. Obrigada, seria muito mais difícil se não fosse assim.

Ah, mas deve ter algo de bom? Lógico que tem! Até nas tragédias há algo bom, porque na maternidade dupla não teria? São dois sorrisos pra te receber, duas pessoas que te amam com o olhar, duas pessoas que acham você o ser mais incrível do universo. Sim, isso é maravilhoso!

Mas, cansa e cansa muito. Eu me revezo entre uma e outra de noite e durmo quando sobra tempo, na maioria das vezes na cadeira de amamentação. Acordo, quase sempre, com um belo torcicolo. Ando exausta, mas acho que ninguém se importa. O marido ajuda, mas na maioria das vezes é comigo mesmo até porquê ele chega tarde do trabalho, quando elas já estão dormindo. Não posso reclamar, fim de semana, ele ajuda bastante, mas isso é o certo, afinal é pai. Como nossas mães faziam na época que pai era só provedor? Nossa, devia ser difícil!

Ser mãe de 2 é isso: um bando de linhas desconexas sobre tudo e sobre nada.

Mas, é também amor, muito amor!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O que ninguém te conta


Essa semana conversava com um amiga que acabou de ser mãe. Ela me dizia que seu peito doia muito a ponto de chorar quando dava de mamar para sua bebê. Eu tentei tranquiliza-la dizendo que já já passa, dei algumas dicas (casca da banana e secador de cabelo - dica valiosíssima da comadre Júlia) e falei pra ela me procurar caso precisasse de alguma ajuda ou só desabafar. Lembrei de como eu sofri pra amamentar a Luiza nos primeiros dias (e como foi bem mais fácil com a Laura) e do pouco suporte que recebi nesses primeiros momentos. Ela agradeceu e disse: - "Nossa, ninguém te conta isso!". Eu ri e respondi: - "Não, você vai ver que não te contaram muitas coisas!"

Pois é, ninguém te conta porra nenhuma. E se te contam, você não absorve. Eu lembro, vagamente, de que quando estava grávida da Luiza uma pessoa me disse que eu ficaria uns 5 anos sem saber o que era dormir. Eu pensei, coitada, que azedume, que exagero. Pois é, após 1 ano e 10 meses de profissão mãe posso dizer que ela talvez não esteja errada. Não é exagero: dormir sono de pedra daqueles que pode acabar o mundo lá fora? Nunca mais. Dormir uma noite toda sem interrupção? Sabe lá Deus quando!

Entre outras coisas. Ninguém conta como a maternidade muda você. Sei que cada mulher é de um jeito, mas a maternidade muda todas e isso eu posso garantir. Ser mãe te transforma em outra pessoa, te transforma em mãe, na verdade, e todas aquelas outras Angélicas: a amiga, a divertida, a sarada, a louca, a ri a toa, a despreocupada, a sexy, a sensual, a qualquer coisa que não mãe, simplesmente desapareceram de uma noite pra outra. Assim, sem aviso prévio, sem nada. E eu fico magoada, sabe? Ninguém me avisou que isso aconteceria. Ninguém me preparou pra isso. Catar essas outras mulheres que ficaram por ai é um processo difícil e de certa forma doloroso. Há um livro da Laura Gutman, A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra, que fala desses assuntos mas nem a literatura mais específica acerca da maternidade é capaz de suprir as lacunas entre o ser mãe e o ser mulher.

Ninguém te conta o quanto você se preocuparia. E aqui o verbo preocupar é ativo o tempo todo. Será que ela dorme o suficiente, será que come, que bebe, que respira o quanto deveria? E se ela estiver indo pra escola e um carro ultrapassar o sinal vermelho? E se eu estiver com ela indo ao médico e o táxi em que estivermos se envolver num acidente? E se ela contrair uma doença? É preocupação 24 x 7, o tempo todo, em todo instante. Isso é taaaaaaaaaaaaão estressante. Você não relaxa, parece sempre uma bomba relógio prestes a explodir. Luiza tem um resfriado por ano: que dura de maio à outubro e durante esses meses eu vivo um preocupação sem fim... e noites intermináveis... Quando Laura tinha 1 mês de vida, teve bronquiolite e talvez precisasse ser internada. Passei pelo momento mais angustiante da minha existência... Porque ninguém me contou que seria assim?

Ninguém te conta o quanto seria frustrante quando seu filho se recusasse a comer. Ninguém te conta que entre a mãe que você sonhou ser e a mãe que você será existe uma lacuna complicada de preencher. Ninguém te conta que você será julgada o tempo todo, inclusive por outras mães que deveriam te entender.

Há tanto pra contar, há tanto pra saber. Porque ninguém te conta? Minha mãe diz que é porque quando passa, a gente esquece... Será? Eu queria que minhas filhas, que se elas quiserem e Deus permitir, quando forem mães, que elas soubessem disso.  Talvez, hoje com tanta informação disponível isso seja mais fácil. E, de novo, nenhuma literatura por melhor que seja, me prepararia para a maternidade que eu exerço todos os dias. 

Eu queria que elas soubessem que ser mãe é (e é mesmo) maravilhoso, mas que soubessem também que é difícil e doloroso (fisicamente e sobretudo emocionalmente).

De certa forma eu sei que nunca farei isso. Ninguém te conta aquilo que você não pode, ainda, sentir.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Voltei versão 2.0

Daqui há 5 anos conversamos. Hahahahaha!

Basicamente é isso! Não há tempo pra nada ou quase nada. Mas, há amor, risada, cansaço e felicidade de sobra.

Estamos há quase 5 meses assim e sobrevivemos, parece que o pior já passou uma vez que já estamos devidamente adaptados (inclusive e especialmente a Luiza) ao novo quadro familiar. Há dias loucos e noites que duram uma eternidade, mas há dias calmos e noites tranquilas - quem tem filhos, sabe: o mais legal de tudo é que não há previsão, não há planejamento que acompanhe a grande interrogação que é a vida de um bebê, imagine 2!

Quanto ao amor, ah, esse transborda de todas as formas... Amo muito, mais que antes e mais intensamente. Mas, é um amor mais calmo, mais sereno e bem menos preocupado. Não que eu não me preocupe ou tenha relaxado com os filhos, mas quando se tem 2 há que se aceitar que quase tudo, na verdade, não depende de você. Você aceita o danoninho, o biscoito, o bolo, o açucar e até mesmo a Galinha Pintadinha, desde que haja paz. Você não vira um monstro e foda-se quem quiser condenar porque deu um suco de caixinha pro seu filho. Nugget, batata frita e até um brigadeiro estão liberados. 

De jeito maneira significa que isso é a rotina dos seus filhos, mas você aceita que faz parte da vida e sabe o que acontece? Você se torna uma mãe melhor, menos neurótica, mais amável e por consequência mais adorável pra você, pro mundo, pro seu marido e PRINCIPALMENTE pro seu filho.

Fodam-se naturebas orgânicas do cacete, vocês só servem pra criar crianças chatas e mães de mente exclusivamente materna (ô porre). É a minha opinião, respeite. Aliás, uma coisa que aboli da minha vida e já disse isso antes: blog materno. Todas mentem, as idiotas batem palma e você se sente uma merda de mãe. Ok, refrigerante eu não dou mesmo até porque é desnecessário e um dia elas vão tomar de qualquer forma queira eu ou não. Quando esse dia chegar elas decidem se gostam ou não (todas torce pra que não).

Eu sou uma mãe do caralho (é a minha opinião, respeite!)!! Amo minhas filhas, as trato com RESPEITO e DIGNIDADE. Dou a elas carinho, todos os dias em forma de afeto e dedicação. Ok, mas porque estamos falando disso? Só um desabafo. O povo adora falar e criticar mãe parece ser uma coisa legal de se fazer, porque todos, todos mesmo, fazem. Mães não deveriam, né?? Parece que o cuspe sempre cai na cabeça... Na minha já caiu; algumas vezes: tô aprendendo!

Então, no meu último post eu tava preocupada em não conseguir amar a Luiza da mesma forma pós Laura. Acredito mesmo que possa ter acontecido isso com a moça do relato, mas, graças a Deus, comigo não aconteceu. Vou dizer que a relação com a Luiza mudou: passei a olhar para ela me colocando no lugar dela e lógico que eu perdi a paciência com ela várias vezes injustamente, mas isso ajudou muito e acho que estamos ainda mais fortalecidas do que antes. 

Devo dizer que meu marido tem um papel fundamental nisso. Luiza é simplesmente a-pai-xo-na-da pelo pai! E ele merece! Cuida dela com todo amor, carinho e zelo possíveis! Dela e da Laura! Sem ele não daria pra me dividir entre Laura e Luiza com amor e carinho iguais! Obrigada, amor! Somos uma dupla fantástica!!!! Aliás, fica a dica: só tenha outro filho se tiver um parceiro fantástico, senão é só tiro, porrada e bomba (amo-te Valesca, rs).

É isso. Ser mãe de duas me tornou melhor: melhor pessoa, melhor amiga, melhor filha, melhor esposa, melhor mãe.

Beijos no ombro e vida longa às inimiga!

Amores da vida!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

E ai que tudo o que eu pensava mudou...

Eu sei que faz tempo que não venho aqui, mas ter uma filha de 1 ano e 3 meses linda-porém-peralta não é fácil!! Estar grávida nesse calor das arábias idem! Porém, contudo, todavia e, no entanto resolvi voltar!

Eu emendei uma barriga na outra, praticamente... Fiquei digamos algo em torno de 7 meses sem uma. Tem gente que fala: "Ué, mas ainda não nasceu??". Eu sei, ha ha ha ha. É mais ou menos engraçado.

Quando você tem um filho (falo de filhos em geral, tenho uma filha), a preocupação é que você não vá dar conta do que está por vir. Pelo menos comigo foi assim - até ontem. Eu tinha medo de não conseguir amar a Laura do mesmo jeito que amo a Luiza, que não conseguisse dar a Laura o mesmo que dei a Luiza em termos de dedicação e carinho.

Recebi, porém, esse texto e compartilho aqui com vocês:

Ainda a minha pequena – o impacto do segundo filho

Por Bel Kock Allaman, Terça, 2 de outubro de 2012 às 01:39

O nascimento do segundo filho pode ter um impacto profundo e, em alguns casos, devastador nos sentimentos da mãe pelo primeiro filho, como Rebecca Abrams descobriu. Mesmo assim, o tema continua a ser um dos grandes tabus da maternidade

Na noite anterior ao nascimento do meu segundo filho, o obstetra de plantão parou ao pé da minha cama e após ler as notas do meu caso por um instante, disse algo que eu imagino que tinha a intenção de ser solidário: “A maioria das pessoas não se dá conta que dar a luz é uma coisas mais perigosas que uma mulher pode fazer.” Não foi muito delicado, eu pensei, mas deixei passar. Duas semanas antes eu tinha sido internada com pré-eclâmpsia, uma complicação da gravidez que pode ser fatal, então esse comentário de certa maneira era justificado.

Meu filho Solomon nasceu às 4 horas do dia seguinte. Um parto tranquilo. Um menino saudável. Minutos após o parto, no entanto, as coisas começaram a complicar. Algo a ver com a placenta, não com a pré-eclâmpsia. Ela está com hemorragia, alguém falou. Alguém pegou o bebê e o entregou ao meu marido. O quarto tranquilo e pouco iluminado um minuto antes foi inundado de luzes fortes e equipamento médico. Uma folha de consentimento foi posta na minha frente. Alguém pos uma caneta na minha mão, eu não tinha idéia do que estava assinando, eu mal segurava a caneta. Algum tempo depois eu recobrei a consciência. O meu corpo recebia uma transfusão de sangue por um braço e doses cavalares de antibióticos pelo outro. Você está fora de perigo, todos me davam os parabéns. Muito obrigada à medicina moderna!

Relembrando o nascimento do meu filho, apesar do susto que houve, eu nunca podia imaginar o drama complexo que viria a seguir. Dar à luz é perigoso, sem dúvida, mas os perigos que acompanham a maternidade vem em muitas formas e o perigo físico não era o único a temer.

No dia seguinte, meu marido trouxe minha filha de 2,5 anos, Jessie, ao hospital para conhecer o seu irmão. Quantos livros com figurinhas nós mostramos a ela para prepará-la para esse momento? Com que cuidado nós preparamos esse primeiro encontro para que ele acontecesse de forma alegre e positiva para ela? E mesmo assim, apesar dos nossos cuidadosos preparativos, nenhuma fração de ansiedade foi dedicada ao que realmente passou.

A garotinha que entrou no quarto, segurando nervosamente a mão do pai, que subiu a cama do hospital e se jogou sobre mim num abraço afetuoso não era a mesma a quem eu tinha deixado em casa dois dias antes. Uma metaformose bizarra aconteceu. De repente, ela parecia enorme. Não era mais uma menininha, de jeito nenhum. Comparados aos delicados membros do bebê, as suas mãos e pés pareciam enormes. Comparada à fragilidade do recém-nascido, a sua vitalidade vigorosa parecia quase ameaçadora. Num intervalo de apenas 48h, os meus olhos se desacostumaram a ela.

Uma semana depois eu fui dada de alta e fui para casa para uma nova vida de mãe de dois filhos. Já esgotada pela gravidez difícil e o parto, eu estava totalmente despreparada para a montanha-russa emocional que veio a seguir – cuidando, ou tentando cuidar – de um bebê nervoso e uma menininha exigente. Eu me tornei o tipo de mãe que nunca sonhei ser, o tipo que se embevece com o bebê e no instante seguinte dá uma palmada na filha travessa.

Os meses seguintes foram um pesadelo – ruins para mim, infinitamente pior para minha filha, um pesadelo que nunca terminava. Eu sempre me preocupei se seria capaz de amar o novo bebê, mas a verdade era que naqueles primeiros dias com duas crianças, não era o bebê mas a minha filha que eu tinha dificuldade de amar.

Estupefata pela minha frieza, ela se agarrou, tentou chamar a atenção, se afastou, em resumo, fez tudo o que pode para tentar recuperar a nossa antiga proximidade. Ela vestia os seus ursinhos de pelúcia com a roupa recém passada do bebê, subia ao moisés com a roupa cheia de barro, quando eu me sentava para amamentar, ela subia nos meus ombros, quando finalmente o bebê dormia, ela esfregava a sua cara e o acordava. Seus esforços cada vez mais extravagantes para chamar a minha atenção tiveram sempre o efeito oposto.

Eu estava pouco menos estressada que ela pela mudança na nossa relação. Era como entrar no seu quarto favorito e descobrir que tudo mudou de lugar : os móveis , os quadros, os objetos dentro do armário, os enfeites das prateleiras. Nada era como eu esperava ou como eu queria. Eu andava pela casa em estado de agonia, desorientação e perda.

Quando eu olhava a minha menininha eu não sentia nenhuma das coisas que eu queria sentir. Quando ela me olhava, era como se eu estivesse sendo confrontada por um estranho. Só tarde da noite, quando eu entrava no seu quarto na ponta dos pés para beijá-la e ver o seu rostinho adormecido é que eu sentia um pouco da ternura anterior. Mesmo agora, 12 anos depois, é quase insuportável pensar como essa época deve ter sido para ela.

Foi a vergonha do meu fracasso em amá-la como deveria que me deixou tão determinada a esconder o fato de todo mundo? Eu poderia ter ganhado um Oscar pela atuação na frente de cada visita. Deprimida? Claro que não! Conseguindo dar conta do recado com duas crianças? Sem problemas! Eu não contava a ninguém, nem família nem amigos. Não contei nem mesmo ao meu marido. O que ele teria dito? Ele ficaria chocado. E essa seria a reação natural. Eu, seguramente, era a não-natural.

Cheia de culpa, atarantada pela falta de sono, descompensada hormonalmente, eu tinha pouca disposição para pensar ou lidar com o que estava acontecendo. A pouca energia que eu tinha era usada para coisas práticas e os deveres emocionais eram dirigidos totalmente ao bebê. Não porque eu queria assim, mas porque simplesmente era assim.

Uma necessidade evolutiva que dá preferência à criança mais vulnerável? Uma forma de depressão pós-parto? Uma falha na minha capacidade de ser mãe? Todas as anteriores? Mas talvez influências mais amplas também tenham afetado. De acordo com o psicólogo Penny Munn, a maternidade na cultura ocidental é “baseada em idéias do amor romântico que assumem que uma boa mãe vai reproduzir o relacionamento afetuoso com todo e cada um dos seus filhos.”

Esse modelo de maternidade é uma progressão natural das revistas de adolescentes e das histórias de amor que as garotas devoram na sua adolescência, uma versão maternal do mesmo cenário: duas pessoas se apaixonam e essa relação permanece assim aconteça o que acontecer. É um modelo que pode funcionar para uma criança, mas é profundamente afetada pela realidade de ter que ser mãe de mais de um.

As razões pelas quais o amor materno muda e, em alguns casos, falha são muitos e complexos e a chegada do segundo filho não é em absoluto o único catalisador. Para algumas mães, até mesmo amar uma só criança é difícil. Quaisquer que sejam as razões, o fato é o mesmo: amar crianças não é algo que vem facilmente ou naturalmente. Esse sempre foi e ainda é um dos grandes tabus da família moderna: uma experiência comum, mas oculta e com o potencial de ter consequências devastadoras e silenciosas.

O romancista Thomas Keneally disse uma vez: “Escrever um romance é ficar nu, não importa o que você esteja escrevendo. Vocè sempre se revela.” Eu não pretendia ficar nua quando entrei no meu romance, Touching Distance. Baseado na história real de um médico do século XIX chamado Alexander Gordon, o que me chamou a atenção foi o dilema de um homem que fez uma descobrimento médico assombroso que estava além do seu tempo. Eu não tinha idéia, pelo menos, não conscientemente, que escrever essa história me levaria a reviver as repercussões emocionais causadas pelo nascimento do meu filho. Mas, enquanto o romance se desenrolava, duas narrativas complementares surgiram: uma contava a história da descoberta do dr. Gordon e a sua busca abnegada da verdade científica; a outra centrada na história dos perigos ocultos do parto, tanto físicos quanto emocionais.

Quanto mais eu lia e pensava a respeito dos problemas das mulheres do passado, morrendo no parto devido à falta de assistência e recursos que eu tive e que sem sombra de dúvidas salvaram a minha vida e a do meu filho, mas interessada no assunto eu ficava. A descoberta brilhante do dr.Gordon era que os médicos e parteiras estavam espalhando uma infecção fatal para as mulheres que eles assistiam no parto. Se tivessem acreditado nele, inúmeras vidas poderiam ter sido salvas no curso do século seguinte. Com uma taxa de uma mulher morrendo por minuto nos dias de hoje devido a complicações na gravidez ou no parto, essa tragédia é tão real hoje como era no passado, a grande diferença sendo que agora é mais comum na Ásia e na África que na Grã-Bretanha.

Mas, além da óbvia tragédia da morte por parto, havia a história não contada do impacto naquelas que sobreviveram aos partos difíceis, mas foram profundamente afetadas pela experiência, mulheres que se distanciaram dos seus filhos, de seus maridos e delas mesmas como resultado do impacto psicológico de tornar-se mãe. No personagem de Elisabeth, a mulher de Alexander Gordon e através da sua relação com a filha de cinco anos, Mary, eu encontrei uma maneira de explorar minha própria experiência. O preço emocional do parto difícil, a culpa e a vergonha de não amar o seu filho como você gostaria, a perplexidade, os sentimentos não-reconhecidos, a luta para encontrar uma distância tolerável entre os dois, a distância suportável: tudo entrou na história de Elisabeth, nem eu sabia que eu gostaria de escrever sobre isso. Mas, lá está tudo, apesar de mim mesma.

No caso de Elisabeth, o estranhamento com a filha se torna cada vez maior. Isso acontece na vida real também, com maior frequência que sabemos ou admitimos. Felizmente, não foi o que aconteceu com Jessie e eu.

Uma noite, mais ou menos um ano após o nascimento do meu filho, eu estava pondo os dois para dormir.Nós tínhamos escutado a fita de Woody Guthrie cantando Goodnight Little Darlin' e eu me abaixei para beijar a cabeça de Jessie e disse: “Boa noite minha pequena”. Ela se virou para mim pensativa e perguntou: “Eu ainda sou a sua pequena? Mesmo com três anos e meio?”

Às vezes, a vergonha é útil. Ela pode penetrar as defesas que ela mesma construiu. Aquela pergunta tão direta despertou um sentimento que a escritora Helen Simpson descreve como: “os dentes afiados do remorso.” A muralha havia sido penetrada. “Sim”, eu respondi, enfaticamente e naquele momento com menos confiança que eu gostaria.

Minha tia, com quem eu um dia me abri, me deu um conselho sábio: “Essas coisas acontecem. Você não pode proteger seus filhos da vida. Dê tempo ao tempo. O amor vai voltar.” E com o tempo, voltou. Não só com o tempo, mas com trabalho duro e esforço consciente. As pessoas falam que é preciso trabalhar o casamento e foi assim que eu trabalhei meu relacionamento com minha filha. Eu arrumei tempo para fazer coisas juntas, divertir-nos juntas, tempo de atenção exclusiva para reconstruir a confiança dela em mim e para que eu a conhecesse outra vez. Pessoalmente, eu cultivei o hábito de amá-la tão cuidadosamente como um vinicultor cultiva seus vinhos. Eu reeduquei a maneira de vê-la, de pensar nela como eu fazia antes: como adorada e adorável. Gradualmente, com o tempo, o hábito tornou-se natural e sem esforço como tinha sido originalmente.

Quando Jessie tinha uns seis anos, nós viajamos de férias com outra família. A filha deles tinha a mesma idade do nosso filho, a mesma idade que Jessie tinha quando ele nasceu. Vendo a filha de 3 anos dos nossos amigos, eu me dei conta que eu não tinha lembranças da Jessie nessa idade. Era como se eu tivesse perdido minha memória ou parte dela, naquela época. Como se eu tivesse sofrido uma espécie de amnésia emocional, uma cegueira temporária do coração.

Faz pouco tempo, eu perguntei a Jessie sobre essa época da vida dela e parece que algo semelhante aconteceu com ela: “Quando as pessoas me perguntavam sobre o que eu lembrava de ter um irmãozinho, eu dizia que minha mãe tinha ido ao hospital muito doente e ficou lá por dois anos. Acho que na verdade foram duas semanas, mas é assim que eu me lembro: você não estar por um longo tempo.”

Ela não tem muita memória consciente daquela época, mas ela acha que isso explica muitas coisas. “Tipo como eu odiava quando você saía. Eu entrava em pânico. E eu ainda lembro de te ver vendo a tv e odiar o fato de eu ver você, mas você não me ver. Isso me incomodava muito. Talvez pelo que aconteceu quando eu era pequena, eu não sei.” Ela acha que isso afetou nosso relacionamento a longo prazo? “Não”, ela diz, “Eu não acho. Eu acho que somos bem unidas.” É importante saber o que aconteceu? “Sim, mas também me deixa triste”, diz ela. "Triste por mim, naquela época".

Se antes de eu ter o meu segundo filho alguém me alertasse para o sofrimento emocional que eu poderia ter, eu teria acreditado? Eu duvido. A idéia de que qualquer coisa pudesse me fazer deixar de amar, por um instante sequer, a minha menina preciosa e maravilhosa pareceria ultrajante. E ainda parece.

Fonte: The Guardian

http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/2009/jul/04/motherhood-second-child-family

Tradução de Bel Kock-Allaman
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Pois é... Deu medo! De repente me peguei com um medo quase horripilante disso acontecer comigo em relação à Luiza. Assim como a narradora, nunca imaginei ser possível deixar de amar aquele que é o ser mais precioso do universo pra mim - a Luiza.

Penso que esse universo chamado maternidade é infinitamente mais complexo do parece, a cada dia que passa vejo que simplesmente não é fácil ser mãe. Eu, por exemplo, tenho dois irmãos e óbvio que sempre me questionei se a minha mãe era capaz de amar cada um de nós da exata mesma maneira... Penso, depois de ler esse texto, que o mesmo possa ter acontecido com a minha mãe em relação a mim... O que explicaria o que vou contar a seguir.

Eu tinha exatos 2 anos e 1 mês quando meu irmão do meio nasceu. Pelo que sei, era eu a menina dos olhos de todos, tinha e detinha a atenção para mim e somente para mim. Ai esse bebê chega e pelo jeito muda tudo. Meu pai conta que uns 3 dias após a chegada do meu irmão a casa eu questionei se aquele bebê não iria embora para a casa dele e se a mãe dele não ia buscá-lo. Meus pais, nesse momento, me explicaram que ali era a casa do bebê e que a mãe dele era a mesma que a minha.

Hip Hip Hurray!! Só que não! Como assim, né?? O que eu fiz?? Aparentemente nada. Uma semana depois, porém, minha mãe achou que eu estava muito quieta (e isso era sempre preocupante - #luizafeelings) e foi verificar o que sucedia. Encontrou-me dentro do berço do meu irmão (que antes era meu) sentada com um travesseiro sob a cabeça dele que já estava roxinho.

Uma criança de 2 anos e 1 mês não pode ser um assassino, pode? Pelo amor de Deus digam que não!! Isso me leva a crer que o narrado acima possa ter acontecido comigo em algum grau ou pior. Talvez deva perguntar a minha mãe. Terapia já??

Diante disso vejo que durante 30 semanas preocupei-me com a pessoa errada. Era com a Luiza que deveria ter me preocupado mais. Faz muito sentido que a Laura por ser menor e mais frágil receba os cuidados que deve – e como disse a narradora – não porque quererei assim, mas porque deve ser assim. Luiza, por sua vez, apesar de não ser independente receberá uma responsabilidade que não é devida por ela. Tipo, você é maior, deve entender.

Filha linda e amada, desejo que eu tenha muita sabedoria pra lidar com essa nova etapa das nossas vidas. Ainda que a nossa relação fique abalada, prometo diante desse conhecimento adquirido pouco antes da transformação procurar ajuda pra que a gente se entenda.

Sei que lerá isso um dia e quero que você sinta orgulho da mamãe! Eu sei que você sempre será minha pequena.

Laura, você também, viu?? Luiza é o primeiro amor, mas você também é amor da mamãe.