quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sem saber o que dizer

Há dias que sento em frente ao computador com uma vontade enorme de escrever. Porém compromissos no trabalho e uma certa falta de inspiração tem me impedido de fazê-lo com propriedade. Hoje, apesar de não estar inspirada, estou com o tempo mais livre e precisando do desabafo.

Eu me sinto frustrada. A maternidade me frustrou. Eu imaginava uma coisa e vivo outra. Eu imaginava que seria uma mãe do tipo que eu gostaria de ter tido e sou uma mãe bem parecida com a mãe que eu tive. Entendam, não que a minha mãe não seja maravilhosa, já, inclusive, a elogiei aqui diversas vezes sobretudo porque hoje consigo entender (cada vez mais) o que havia por trás daquele comportamento nervoso, por vezes histérico.

Frustração. Não ser o que você gostaria de ser é extremamente frustrante. Eu nunca quis ser muitas coisas, mas EU SEMPRE QUIS SER MÃE. Agora que sou, finalmente, mãe e de 2, não deveria estar me sentido realizada? Não, realização não é um dos sentimentos que ocupam meus pensamentos. Eu realmente me sinto frustrada. 

Aquela mãe dos meus sonhos, uma espécie de Mamãe Pig (#entendedoresentenderão), está cada vez mais distante da realidade, e pior, dá lugar àquela histérica que eu muitas vezes critiquei severamente. Ontem tive um ataque de perereca que me deixou mal o dia todo e me fez pensar em muitas coisas. Fui duramente criticada pelo meu ataque de histerismo; não apenas pela Nhanha e meu marido, mas principalmente pelo meu consciente. Que tipo de mãe estou me tornando?

Eu amo minhas filhas, sobre isso não há questionamentos. Mas a vontade de me ver livre tem se mostrado evidente a cada dia que passa. Eu queria muito poder sair do trabalho, ir tomar um chopp, passear, chegar do trabalho, largar os sapatos, tomar um banho daqueles e deitar na minha cama para não acordar nas 8 horas que se sucedessem. Eu tenho tido esse pensamento com cada vez mais frequência. Isso me torna uma mãe ruim? Eu não deixaria minhas filhas pra ir tomar chopp. Ai vem a dúvida: eu não deixo porque não tenho com quem deixar ou não deixo porque a mãe que eu acho que tenho que ser não deixaria? 

Quem é essa mãe que eu gostaria de ser? Uma mãe permissiva? Uma mãe mais carinhosa? Eu me considero muito carinhosa mas ultimamente até o carinho parece ser uma coisa mecânica. Tipo um mantra: tenho que dar carinho, tenho que dar carinho... O que é ser permissiva? Como não ser permissiva sem ser chata? O meu vocabulário nunca teve tanto não. Não faça isso, não faça aquilo, Luiza não, Luiza já disse que não! Ser permissiva estraga as crianças? Quantos nãos por dia podem ser ditos? Há limites? 

Ontem li um texto sobre criar as crianças com respeito. Você gostaria de ser tratado aos gritos? Como você quer ser lembrado pelos seus filhos? Eu lembro de sempre dizer que minha mãe era nervosa porquê ela comia muita pimenta... Eu lembro dela nervosa desde pequena... É assim que quero que as minhas filhas lembrem de mim? Como ser essa mãe que eu sempre sonhei ser? Eu vejo crianças que crescem "na conversa" serem extremamente mimadas e isso me assusta. Não quero filhos mimados. Por outro lado, como posso exigir delas que sejam calmas e complascentes se o exemplo delas é uma mãe que diz não e briga quase o tempo todo?

Há um tempo atrás eu achava que minha filha mais velha precisava de terapia. Talvez seja eu quem precise. Talvez todas nós precisemos. Tem gente que diz que eu preciso relaxar. Como assim relaxar? Elas estão crescendo, elas não vão esperar eu relaxar pra educá-las. Como educar sem ser chata? Alguém me responde, me ensina?

Frustração é o que eu sinto.

2 comentários:

Flávia disse...

Que bom que exite essa santa ferramenta que se chama blog para que você possa desabafar e a gente se identificar e não se achar uma merda também!! Bjsss.

Ju disse...

Amiga, me emocionei com o seu texto, pq assim como vc estou no meu limite por diversos motivos e londe da mãe que gostaria de ser... Estou considerando seriamente fazer terapia, já até peguei algumas indicações. Mas estou esperando ter dinheirom acho que faz bem para todo mundo... Até pq eles são pequenos e sentem tudo que ssentimos, né? mts vezes acho que o comportamento dele das ultimas semanas é um grito, uma resposta a tudo que venho sentindo nos ultimos meses.
beijos beijos, bom que temos o blog e uma a outra!