segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Dois anos

Valsa para uma menininha
Toquinho

Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.
Senhorinha levada, batendo palminha,
Fugindo assustada do bicho-papão.
Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.
Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque a vida somente é seu bicho-papão.
Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim
Quando você souber, enfim,
De tudo que eu guardei.


É minha gente, hoje ela faz dois anos. Eu queria mesmo que o tempo parasse agora e eu pudesse pra sempre ter seu olhar meigo a sorrir pra mim, de mim, por mim. Eu queria que o tempo parasse agora pra que eu possa sempre a manter debaixo das minhas asas e assim evitar que se machuque, que a machuquem. Não farei isso, mas só porquê não posso.

Mas posso:

1) Me comprometer a prestar mais atenção nela nem que pra isso eu tenha que deixar de prestar atenção em todo resto: eles crescem e muito em breve terei mais tempo pra cuidar do resto.

2) Ignorar TODA e QUALQUER teoria, seja de apego ou de desapego, e não me preocupar mais com isso: darei  carinho e seguirei mais meu coração.

3) Deixar de lado o cansaço, o desânimo e todo e qualquer sentimento negativo: ela é linda, meiga e adorável. É também saudável e perfeita: nutrir sentimentos negativos, pra que?

4) Largar o Facebook e o Zap Zap: sim, as mídias sociais são legais mas ela dorme e há tempo pra isso.

5) Rir mais de tudo. Dizer menos não. Me doar mais. Ser mais criança. 

6) E finalmente pedir desculpas: por todas as vezes que eu gritei, falei mais do que devia, deixei de dar colo, disse não imponderavelmente. 

Porquê, filha, eu te chamei aqui e a minha missão é te amar: muito, hoje e sempre.

FELIZ ANIVERSÁRIO!

PS: Eu te amo!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sem saber o que dizer

Há dias que sento em frente ao computador com uma vontade enorme de escrever. Porém compromissos no trabalho e uma certa falta de inspiração tem me impedido de fazê-lo com propriedade. Hoje, apesar de não estar inspirada, estou com o tempo mais livre e precisando do desabafo.

Eu me sinto frustrada. A maternidade me frustrou. Eu imaginava uma coisa e vivo outra. Eu imaginava que seria uma mãe do tipo que eu gostaria de ter tido e sou uma mãe bem parecida com a mãe que eu tive. Entendam, não que a minha mãe não seja maravilhosa, já, inclusive, a elogiei aqui diversas vezes sobretudo porque hoje consigo entender (cada vez mais) o que havia por trás daquele comportamento nervoso, por vezes histérico.

Frustração. Não ser o que você gostaria de ser é extremamente frustrante. Eu nunca quis ser muitas coisas, mas EU SEMPRE QUIS SER MÃE. Agora que sou, finalmente, mãe e de 2, não deveria estar me sentido realizada? Não, realização não é um dos sentimentos que ocupam meus pensamentos. Eu realmente me sinto frustrada. 

Aquela mãe dos meus sonhos, uma espécie de Mamãe Pig (#entendedoresentenderão), está cada vez mais distante da realidade, e pior, dá lugar àquela histérica que eu muitas vezes critiquei severamente. Ontem tive um ataque de perereca que me deixou mal o dia todo e me fez pensar em muitas coisas. Fui duramente criticada pelo meu ataque de histerismo; não apenas pela Nhanha e meu marido, mas principalmente pelo meu consciente. Que tipo de mãe estou me tornando?

Eu amo minhas filhas, sobre isso não há questionamentos. Mas a vontade de me ver livre tem se mostrado evidente a cada dia que passa. Eu queria muito poder sair do trabalho, ir tomar um chopp, passear, chegar do trabalho, largar os sapatos, tomar um banho daqueles e deitar na minha cama para não acordar nas 8 horas que se sucedessem. Eu tenho tido esse pensamento com cada vez mais frequência. Isso me torna uma mãe ruim? Eu não deixaria minhas filhas pra ir tomar chopp. Ai vem a dúvida: eu não deixo porque não tenho com quem deixar ou não deixo porque a mãe que eu acho que tenho que ser não deixaria? 

Quem é essa mãe que eu gostaria de ser? Uma mãe permissiva? Uma mãe mais carinhosa? Eu me considero muito carinhosa mas ultimamente até o carinho parece ser uma coisa mecânica. Tipo um mantra: tenho que dar carinho, tenho que dar carinho... O que é ser permissiva? Como não ser permissiva sem ser chata? O meu vocabulário nunca teve tanto não. Não faça isso, não faça aquilo, Luiza não, Luiza já disse que não! Ser permissiva estraga as crianças? Quantos nãos por dia podem ser ditos? Há limites? 

Ontem li um texto sobre criar as crianças com respeito. Você gostaria de ser tratado aos gritos? Como você quer ser lembrado pelos seus filhos? Eu lembro de sempre dizer que minha mãe era nervosa porquê ela comia muita pimenta... Eu lembro dela nervosa desde pequena... É assim que quero que as minhas filhas lembrem de mim? Como ser essa mãe que eu sempre sonhei ser? Eu vejo crianças que crescem "na conversa" serem extremamente mimadas e isso me assusta. Não quero filhos mimados. Por outro lado, como posso exigir delas que sejam calmas e complascentes se o exemplo delas é uma mãe que diz não e briga quase o tempo todo?

Há um tempo atrás eu achava que minha filha mais velha precisava de terapia. Talvez seja eu quem precise. Talvez todas nós precisemos. Tem gente que diz que eu preciso relaxar. Como assim relaxar? Elas estão crescendo, elas não vão esperar eu relaxar pra educá-las. Como educar sem ser chata? Alguém me responde, me ensina?

Frustração é o que eu sinto.