segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Carta para Luiza

Filha, não sei quando você vai ler isso ou se algum dia lerá isso. De qualquer forma, seguem algumas breves linhas sobre como você surgiu na minha vida.

Eu sempre quis ser mãe. Desde os três anos de idade, quando questionada sobre o que eu queria ser quando crescer, respondia: "Mãe!". Os anos passaram e a vontade não. Algumas mulheres levam mais tempo para ter seus relógios biológicos acionados, mas não eu: acho que já vim com o relógio biológico acionado. Só que eu não queria ter só um filho: eu queria uma família, não queria simplesmente colocar alguém no mundo sem perspectiva e por isso o "Projeto Mãe" ficou de lado por muito tempo.

Sua mãe, Luiza, infelizmente, é muito sagaz pra algumas coisas, mas quando o assunto é namoro, digamos que a sua mãe seja do tipo panaca mesmo, sonhadora ou como você preferir. Parêntesis: farei de tudo pra que você seja uma mocinha independente emocionalmente que saiba se valorizar e se ame acima de tudo.

Mamãe namorou muito. Eu nunca gostei de ficar (te explicarei isso no tempo certo), sempre gostei de ter alguém. Sou carente, não lido com a solidão. Melhorei muito e tenho certeza que isso permitiu tudo de bom que está acontecendo nesse momento (estamos em agosto de 2012, você tem 31 semanas e está dentro da barriga da mamãe).

Pra te explicar como você "surgiu", preciso de contar sobre o seu pai. Seu pai é uma pessoa maravilhosa e você certamente concordará comigo quando e se ler isso algum dia. Eu conheci seu pai quando eu tinha 22 anos e era ainda uma menina (que queria parecer mais velha do que era). Outra coisa sobre seu pai é que ele é altamente envolvente, não há como não gostar dele, ele é desses que te ganha com uma só palavra. (mesmo que na primeira vez tenha deixado uma péssima impressão).  Lógico que com a sua mãe não foi diferente e em pouco tempo eu estava completamente apaixonada. 

Você, infelizmente, vai aprender que na vida, nem tudo corre como a gente quer e seu pai não se apaixonou por mim. Levei uns 5 anos pra superar (de verdade), até que um dia eu simplesmente vi que não era ele o homem da minha vida. A gente, filha, deixa de gostar, ou acha que deixa de gostar.

Vida vai, vida vem e nesse meio tempo tanta coisa aconteceu. Eu fiquei muito magoada com seu pai (e você vai aprender que ele não teve culpa e eu não sabia que ele não tinha culpa) e passei muito tempo sem falar com ele. Só que (desde cedo você viverá isso) temos muitos amigos em comum e inevitavelmente voltamos a nos falar (primeiro timidamente). Simplificando, acho que um dia nossas vidas cruzaram: encontramos um ponto em comum (ambos na casa dos 30, SOLTEIROS, sem perspectiva) e viramos amigos. Controvérsias a parte, eu e seu pai conversamos muito, trocamos figurinha, rimos e choramos juntos. Claro que no meio disso rolou um beijinho ou outro e algo mais, mas eu pelo menos não pensei nisso( não à primeira vista).

Eu estava magoada, seu pai estava magoado (não um com o outro mas acho que com a vida e o que ela tinha feito conosco até então). Isso torna tudo mais complicado porquê te faz confundir as coisas, traz carências, enfim, confunde mesmo. Percebendo isso, na tentativa de literalmente me esquivar do seu pai, eu assumi um projeto quase suicida que consistia em trabalhar de 18 as 24h todos os dias durante 20 dias (detalhe que eu trabalhava de 8 as 17h nessa época). Não deu certo, seu pai ia me buscar, me levava pra jantar e acabou sendo fundamental pra me fazer durar os 20 dias. 

Nesse meio tempo ele me convidou pra passar o Reveillon em Nova Iorque (e espero que você descubra cedo como isso é encantador) e é claro que eu aceitei.

Entre um encontro e outro desencontro, dia 30 de dezembro eu e seu pai estávamos num avião rumo a Nova Iorque. Foram 5 dias, filha. Pra mim foram suficientes e lá conheci outra pessoa: ai sim o seu pai e o homem por quem eu iria realmente me apaixonar (novamente). Ah, sim, até aquele momento eu não estava apaixonada pelo seu pai, nem o amava, apenas sentia carinho e um prazer enorme de estar ao lado dele.

Quando voltamos, eu precisei colocar seu pai contra a parede (ele é indeciso, filha: nunca pergunte a ele qual vestido usar). Falei: ou dá ou desce; cansei de palhaçada, não tenho tempo, nem idade, nem espírito pra isso (e realmente não tinha). Dei tempo pra ele pensar e dois dias depois começamos a namorar (numa sexta-feira 13 de janeiro).

E a vida seguiu, nossa namoro era bom, compartilhavámos os mesmos gostos, amavámos comer, rir e conversar: não era difícil passarmos horas e horas assim.

Seu pai tinha 37 anos, eu 31. Ele queria um filho (desesperadamente) e eu queria um filho (muito) e nós curtiamos a idéia de um filho nosso. Seria bom, seríamos pais maravilhosos, pensamos parecido, mas não necessariamente igual, temos os mesmos ideiais e AMAMOS crianças. Parecia suficiente, não? Falamos sobre gravidez algumas vezes e quanto gostaríamos muito muito disso e como ambos achávamos que isso demoraria muito tempo pra acontecer. Aham!

Quando seu pai e eu começamos a namorar eu malhava muito e ele também. Um dia eu quase desmaiei na academia. O professor me perguntou se eu tinha me alimentado e eu disse que sim (eu tinha comido um sanduiche de queijo minas com peito de peru) e que até bem demais. Isso foi um dia, e outro e outro. Minha menstruação não desceu e eu não dei ideia, afinal essas coisas eram normais. Um dia pela manhã, no trabalho, eu me senti muito mal, mal mesmo. Fui ao centro médico e a doutora perguntou de cara se eu poderia estar grávida. O professor da academia já havia feito essa pergunta e eu disse que não. Não, eu não estava grávida! Como?

Fui fazer um teste de sangue (já havia feito um de urina que tinha dado negativo). O resultado saia no mesmo dia. A noite seu pai foi para a casa que hoje é a casa da vovó e nós passamos uma boa parte da noite conversando e bebendo e rindo muito. Eu sabia que o exame estava pronto mas eu tinha tanta certeza que não estava grávida que deixei para o dia seguinte.

Sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012: Eram 7:55 da manhã, eu tinha tomado café, escovado o dente e estava pronta pra trabalhar quando lembrei do exame. Fui olhar. Tremi. Não consegui acessar a página. Tentei de novo. Não consegui novamente. Já ia desistir e "ver isso depois", quando decidi tentar mais uma vez.

Abriu. Esse número vai me acompanhar o resto da vida: 68; 68 mUI/ml! Chorei por uns 15 minutos (ou pelo menos pareceu 15 minutos). Liguei para uma amiga, ginecologista (a Dra. Xereca, filha) e disse à ela que estava com um probleminha. Ela perguntou: "que probleminha?". Eu disse: "então, estou com um exame de gravidez aqui que deu 68." Ela respondeu: "qual valor de referência?" e eu disse: "acima de 25 é positivo". Ela respondeu : "esse exame é seu?", e eu: "é sim, tô grávida?". Ela respondeu: "acho que sim". Desliguei. Acho que fiquei uns 40 minutos sentada olhando pro computador. Seu pai dormia e eu queria contar. Ai toda vez que chegava perto, não conseguia. Olhei pra ele e permaneci ali pensando no que eu iria dizer...




- "Ei, acorda! Você vai ser pai!". Não né?
-"Oiii, bom dia! Tudo bem? Então tenho uma coisa pra te contar: você vai ser papai!" Humm, não!

Enfim, não consegui contar. Peguei a bolsa e fui trabalhar. Durante o tempo todo fiquei pensando no teste e tinha esse sorriso besta na minha cara. Quando cheguei ao trabalho, com a boca já cheia de caimbras por conta do sorriso besta, um colega disse: "aconteceu algo maravilhoso com você, o que foi?". Sim, filha, era maravilhoso, eu estava grávida. GRÁ-VI-DA!! E aquelas palavras ecoaram na minha cabeça. Respondi quase com medo do que eu estava ouvindo: "tô grávida!". 

Calei-me e ele entendeu o recado. Naquela manhã fiz absolutamente nada. Como focar no trabalho? Como? Marquei almoço com a Dra. Xereca e falei incessantemente em você, filha. Ela como médica, recomendou que eu repetisse o exame na segunda-feira (dia 13/02) para confirmar a gravidez e só ai contar. Sim, lógico eu disse. Sai dali e liguei: papai atendeu rápido, parecia assustado (eu nunca ligo pro papai); 

- Oi! Tudo bem?
- Sim, e você?
- Tá cansado hoje?
- Nossa, tô morto.
- " Direto" ao assunto: "Então, sabe aquelas cervejas?
- Sim!!
- Vou ter que parar de beber...
- Ok... (meio sem entender)
- (Percebendo que ele não entendera) Ah e vou ter que parar de malhar também! Por 3 meses...
- (Eureka! Ele entendeu!)Você tá grávida?
- Sim...
Silêncio
- Oi?
- Já te ligo!

Fudeu, né? FU-DEU! Vou ser mãe solteira, criar minha filha (eu tinha certeza que você era menina) sozinha, pensei!

5 minutos (e pareceu 5 horas) chega a mensagem de Marcos Guedes: Não consigo falar, estou muito feliz. Minha mãe chorou, todo mundo aqui tá muito feliz!

Bastou, filha. Se eu era apaixonada pelo seu pai acho que ali passei a amá-lo. Ele te amava, estava feliz: bastava! Naquela noite ele chegou em casa e me abraçou e nós choramos juntos de medo, de surpresa e de felicidade. Contamos para os nossos amigos e mais choros. Mas, TODOS eram de felicidade.

O mundo sorriu aquele dia e desde ali eu fui a mulher mais feliz do mundo. Papai e eu casamos e você estava lá. Passamos a lua de mel em Buenos Aires e você estava lá. Você estava lá em tudo, meu amor.

Você é o elo divino que uniu a mim e seu pai. Você nos trouxe a esperança que faltava. Você é a luz que não estava ali: você iluminou nossos caminhos. Pra mim você é a lacuna que faltava, o vazio que eu procurava preencher: a palavra amor ganhara novo sentido.

Enquanto escrevo você mexe e muito na minha barriga (pula igual uma sapinha). Será que sabe e sente? Eu choro, óbvio. Você está com 31 semanas e 3 dias e faltam 60 (se você chegar à 40 semanas e eu desconfio que não) para ter você em meus braços.

Eu espero te fazer tão feliz como você me faz.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Eu tive um sonho, vou lhe contar

... Cheguei no Hospital e ela estava lá: linda, fofa, cabeluda; olhinhos pretos, brilhantes iguais duas jabuticabas e cabelos igualmente pretinhos! Era a minha filha, Luiza! Havia nascido, estava no Hospital.

Cheguei insandecida, louca: como puderam fazer isso comigo???

O pai orgulhoso exibia sua cria; eu gritava: "- Como você não me avisou?????? "

E gritava mais um pouco: "- Eu simplesmente perdi o momento mais importante que foi a hora em que ela nasceu!!!"

O pai dizia: "-Eu tentei te ligar, você não me atendeu!" e eu respondia -"Você devia ter insistido, eu largaria qualquer coisa para estar aqui."

E chorava muito, me senti inútil.

Mas era linda a minha menina...

Acordei suando, como não estava ali quando a minha filha nasceu?? A ficha caiu e eu ri; sem chance, né?

Bom dia!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

E se eu for pensar num título o post não sai

Ontem, a amiga-dinda-mamãe (ela mesmo criou esse nome, rs) fez sua primeira ultrassonografia! Graças a Deus, tudo estava certo com o(a) meu(inha) afilhado(a)! Com a ultra dela, não pude deixar de fazer um retrospectiva considerando que agora Luiza e eu estamos em ritmo de final de Copa do Mundo!

Luiza está com 30 semanas e 5 dias; a próxima ultra é exatamente no dia em que ela completa 31 semanas. Nessa ultra saberemos com quantos quilos e centimetros nossa bebê está! Estou bem ansiosa pois como estou com um barrigão, creio que eu tenha um exemplar bem robusto na barriga (rsrsrsrsrsrsrs)!

Quando abri o vídeo da ultra  pra assistir, a Luiza começou a mexer insanamente, chutou e chutou e chutou e quando começaram os batimentos cardiácos (belos e saudáveis 143bpm) achei que ela fosse pular da minha barriga. Ciúmes? Expectativa? Um namorado para Luiza??? Hahahahahahaha!

Imediatamente lembrei da primeira ultra da Luiza e chorei ao lembrar a primeira vez que ouvi aquele coraçãozinho batendo. Luiza tinha apenas 5 semanas e 2 dias, media incríveis 2mm e tinha um coração que batia 91 vezes por minuto! A emoção de escutar pela primeira vez aquela bolinha de vida foi simplesmente incrível e inesquecível!

A medida que o parto se aproxima, o medo e a ansiedade também: uma espécie de curiosidade boba de ver a carinha dela, de ver seus pezinhos, de cheirar seu pescoço e babar aquele projetinho de pessoa todo! Ao mesmo tempo uma expectativa em relação ao parto (como será, quando será, se vai ser rápido, se vai ser fácil, se e vou chorar muito ou pouco - porquê que eu vá chorar é fato-, se eu vou estar 100% presente - li que as vezes a anestesia te apaga ou te deixa bem grogue -, como será o momento mais sensacional do universo - que é aquele em que o médico põe o baby no seu colo-, se eu vou desmaiar de emoção e, ai,sei lá mais o que).

 E foi pensando nisso tudo que eu lembrei de quando eu descobri (e a hora mais longa da minha vida entre ver o positivo e entender o positivo), de como eu contei pro pai dela (e a falta de coragem de dizer: estou grávida), de como contei pra minha mãe (e como eu alternei entre choro e riso ao telefone pois ela estava na Venezuela), como contei pra minha tia (que quase caiu da cadeira quando leu a resposta de um e-mail sobre o porquê das mães gritarem tanto)... E os abraços e choros intermináveis de amigos queridos que ficaram muito felizes com a notícia e como eu no primeiro momento achei que Luiza fosse mesmo Luiza (eu descobri que estava grávida no dia 10/02/2012). 

E tudo isso passou como um filme de Woody Allen (comédias românticas reais), com pitadas de Almodóvar (tem que rolar um draminha,né?) e leve toque de Alfred Hitchcock (a psicose é por conta própria).  E eu que achava que faltava tanto tempo e que demoraria pra esse dia chegar, tô aqui contando as horas pra te ver...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Gravidez, política, internet e sei lá mais o que...

Que título!

Então, eu não vim aqui pra falar sobre nada especifíco.

Vim aqui falar e pronto!

Luiza está com 29 semanas e 5 dias, mas isso vocês já sabiam porquê tem um contador aqui do ladinho, né? Completo 7 meses (30 semanas) na sexta-feira e tenho uma barriga enorme e linda da qual me orgulho muito.

Mas é só uma barriga! E daí? É a MINHA barriga! E dentro dessa barriga tem o ser mais precioso do mundo! A jóia mais rara, a invenção mais incrível, a sensação de completude que eu não tinha ainda experimentado.

Gravidez é um treco complicado. Eu sou da seguinte opinião: gravidez, política e religião não se discutem! Cada uma tem a sua: do seu jeito, com o seu amor, com o seu carinho.  Eu não leio blogs maternos, com o exceção do Blog da Carol que eu amodepaixão, mas que não fala só sobre isso. Se eu tenho algum preconceito? Não! De forma alguma! Mas, quem sabe da minha gravidez sou eu, meu GO, meu marido, família e amigos muito próximos!

Eu desisti de recorrer ao Google logo após a segunda ultra, quando saiu o resultado da TN da Luiza: 1,5mm. Eu corri pro 'Pais dos Burros do Século XXI ' e em segundos li cada coisa que me deixou vesga de preocupação: sonhei com crianças de 5 pés e tudo! Quando finalmente fui ao GO, esse me esclareceu que o valor da TN da Luiza é super ótimo! A partir dai decidi que Google só pra escrever aquelas palavras que você simplesmente esquece como escrever (tipo cabelereiro).

Livros sobre maternidade? Nunca comprei um sequer. Você tá achando que eu vou ganhar o título de pior mãe do mundo? Pode ser que sim, pode ser que não. Minha mãe nunca leu um livrinho desses e criou 3 filhos e deu tudo certo (pelo menos aparentemente). Claro, que existem conselhos que são ótimos e tal, mas se filho viesse com manual eu ia querer um modelo suiço e não um brasileiro.

Política? Não se fala em outra coisa ultimamente né? De uma forma ou de outra: mensalão, vídeo de assessora parlamentar fazendo sexo, Cachoeira, Démostenes e por ai vai... Eu tenho peninha da Luiza: espero que quando ela tenha idade pra votar que essas coisas sejam só histórias da Carochinha... E agora, você acredita em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa?

Paro por aqui. Lembram o que eu disse: gravidez, política e religião não se discutem?

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