Abri meu email hoje e deparei com a seguinte mensagem de "Gabriella": Descubra seu futuro agora (ênfase no agora). Pensei, instantaneamente, quero mesmo saber meu futuro? Porquê não? E depois pensei melhor e conclui: porquê sim?
Não quero saber do meu futuro. Sim, eu já fui à videntes, cartomantes e afins. Não, nunca me disseram algo impressionante ou verdades edificantes. Sim, apesar disso, fui uma, fui duas, fui três. Teimosa? Pode ser que sim. Pensei que saber do futuro seria excitante. Imagine, prever os acontecimentos? Se antecipar aos sofrimentos?
"Olha, esse moço ai que você tá saindo não é pra você, filha."; "Olha, você vai casar, ter filhos e será muito feliz. Olha, eu vejo muitas coisas boas pra você"... e por ai vai. Eu já ouvi todas essas coisas e descobri em todas elas meias verdades. O moço não era pra mim? O que eu fiz pra conquistá-lo? Eu vou casar e ter muitos filhos? Se eu quiser! Ser feliz? Sim, se eu quiser, se eu deixar tudo isso acontecer!
Clarice Lispector, escritora brasileira de origem judia, escreveu muito sobre o amor. Ela escreveu sobre o amor em 1943 de forma livre, sensata, dispersa, intensa e amável. Uma coisa que eu e ela temos em comum? A crença. Eu nunca deixei de acreditar no amor. Nunca, nem por um minuto. Quando me dizem sim e quando me dizem não, quando sinto e quando não. Eu sou apaixonada pelo amor. Amo este sentimento que não tem explicação e me deixa mais leve e feliz, que me faz cantar larari larari.
E o que me faz ainda mais feliz hoje é que descobri que ele não precisa ser correspondido pra ser amor. Amor é assim. Você sente e pronto! Você da se você quer e não pra ser respondido. E porquê eu tô falando nisso? Porquê meu nome é Angélica de sobrenome Amor Intenso Amor (o pai da minha amiga mais querida disse isso pra mim e eu confirmo ser verdadeiro, ainda tenho que aprender a dosá-lo e afirmo isso também ser verdadeiro). E fique claro que não é amor por ninguém. É crença nesse sentimento puro e verdadeiro que eu aprendi a cultivar dentro de mim sem mais nem porquê.
Deixo um texto da Clarice Lispector porquê ela escreveu melhor sobre mim do que eu poderia tentar fazer.
"Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!"
Eu sou assim, isso eu não quero mudar!